Ecobocaina - pelos caminhos do cerrado e nos arredores da capital!
Olha eu aqui de novo cada dia mais encantada com os arredores da
capital!
E desta vez a parada foi na Fazenda Ecobocaina, uma dessas
surpresas bem perto de Brasília, cerca de 70 km a partir do Colorado (ponto de
encontro de trilheiros, bikers etc), na BR 010 - sentido Chapada dos Veadeiros.
Fica bem na entrada
na rampa do voo livre, antes de São Gabriel e são somente 4 km de estrada de
terra. Ou seja, muito fácil de chegar!
Ecobocaina tem trilhas, mirantes, cachoeiras, poços para banho e muito cerrado, além da diversidade de fauna e flora que impressiona e encanta. Na fazendo é onde fica a fonte de captação da Água Mineral Buriti, ou seja, as nascentes são de água mineral fresquinhas. O nome significa “passagem estreita entre duas serras” no tupi e é fácil entender pois a trilha de 8km (que corresponde ao desafio Ecobocaina) é um círculo que contorna o “miolo” das duas serras onde a Fazenda se localiza. Nos mirantes podemos ter a vista 360º. do Vale Paranã, seja na trilha menor ou na maior, e acredite, a vista já vale a experiência.
As nascentes da fazenda vêm do Córrego Palmeira, afluente do Rio
Paranã. As principais são a Bocaina (onde está a captação de água), Reis Magos,
Abismo, Grota da Bocaina, Evaristo, Caititu, Água Doce, entre outras. Agora, falando da trilha de 8km - o desafio - eu preciso confessar e destacar: É coisa de trilheiro profissional. No meio
da trilha eu tive a sensação de que estava naquele programa antigo chamado “No
Limite”, lembra? Mas no final, deu tudo certo e o desafio foi cumprido.
Quer saber como é? Vamos lá!
A trilha de 8km é lindíssima, mas acredite, recomendada para quem
faz trilha ou está em bom condicionamento. Eu, particularmente, passei muita
dificuldade e não me considero sedentária. O grupo tinha pessoas como eu e
também alguns que praticam corrida de longa distância, muito bem preparados. Isso ajudou muito no
apoio de conclusão da trilha, pois todos se ajudavam a cada etapa. De fato, a determinação
e concentração, foram os gatilhos para eu conseguir fazer a trilha, mesmo não
sendo trilheira profissional. E se eu pudesse eleger mais alguns gatilhos,
seriam: calma, paradas importantes para recuperar fôlego e suporte do grupo. É importante estar em grupo! E se o grupo for de amigos, melhor
ainda. Entretanto, importante ressaltar aqui que o sentimento de solidariedade
surge naturalmente, mesmo em grupos não necessariamente tão próximos.
Na chegada à fazenda a recepção fornece todas as instruções e orientações. Por ser um local que exige a
visita guiada e em grupo, o ideal é reservar com antecedência. No site tem tudo
bem detalhado, é só acessar aqui.
O mapa trilha apresentado na recepção é bem explicado e todos os
possíveis percursos são sinalizados em cores diferentes. Como de praxe, o
cuidado com a fauna local é muito recomendado. As subidas e descidas são
sinalizadas com cordas em corrimão. É importante ficar atento quando segurar na
corda, pois sempre pode-se encontrar formigas, aranhas e outros peçonhentos que podem
atrapalhar o passeio.
Algumas coisas importantes antes de ir:
- A fazenda não permite trilha sem guia e os grupos são de no mínimo 8 pessoas, qualquer quantidade inferior a 8 pessoas, converse com a recepção da Fazenda e os preços podem ser ajustados.
- A fazenda oferece pontos de resgate e apoio com comunicação via rádio em vários pontos da trilha
- A idade mínima é de 12 anos.
- O desafio 8km tem duração aproximada de 6 a 7 horas considerando as paradas para banho nos poços e cachoeiras
- Importante levar um lanche para o final da trilha
- Itens básicos: roupas adequadas, tênis adequado, repelente, protetor, garrafa de água, luvas, boné/chapéu
No começo da trilha, seguimos para o Mirante do Abismo, Mirante da
Pedra e Pico 360º. Esta é a prova de
fogo para continuar ou não na trilha maior, desafio de 8km. Sabe porquê?
Porque nessa primeira parte tem uma descida
e subida para o 360º. de mais ou menos 500m no total que exige muito esforço. Exatamente
nesse momento que a gente decide se continua ou não, pois tem a percepção do
que será a trilha completa.
O interessante dessa trilha é que a maior parte do tempo é descida, inclusive, utilizando-se de uma estrada histórica chamada Cavaleira. A questão é : não há conforto pelo fato de ser descida! O percurso requer muito autocontrole e a sensação é a mesma daquele exercício de agachamento que faz o músculo da frente da coxa tremer. Se o abdome não estiver travado, a gente desce ladeira abaixo SEM FREIO.
O interessante dessa trilha é que a maior parte do tempo é descida, inclusive, utilizando-se de uma estrada histórica chamada Cavaleira. A questão é : não há conforto pelo fato de ser descida! O percurso requer muito autocontrole e a sensação é a mesma daquele exercício de agachamento que faz o músculo da frente da coxa tremer. Se o abdome não estiver travado, a gente desce ladeira abaixo SEM FREIO.
Ao final da descida, os poços e cachoeiras vão se revelando e são
paradas obrigatórias. Cada parada vale muito a pena e os banhos são
sensacionais. Preparo para a subida de retorno, chamada subida do “Camaleão”. Considere
que a descida é a maior parte da trilha, mas a subida, é a mais difícil. Na última
cachoeira, depois de subir uma escada enorme, começa a trilha de retorno, com
cerca de 1km de extensão sempre para cima. Nesse momento, desejei um
helicóptero!
No final, tudo valeu a pena e é gratificante demais. A beleza do caminho e a riqueza da natureza e a abundância da água, valem todo o esforço. A sensação é de total superação e muita adrenalina. E, como parte desse“grand finale”, bem no topo da fazenda com a vista do Vale Paranã ao fundo em 360º, uma ducha de água mineral forte, límpida e fria te convida para esse abraço. Vencida a subida, o coração explodindo de alegria e cansaço, nada melhor que ser agraciado com essa ducha e a contemplação do vale.
Fim da
trilha, começo de outras caminhadas...
Depois da caminhada, as pessoas já estão bem muito
próximas. A alegria e o cansaço são compartilhados com a fome, claro. O lanche que cada um levou é acomodado numa grande mesa e
compartilhado entre todos. Tudo se mistura. As fotos se compartilham, as
afinidades são descobertas, a sensação de estarmos bem acompanhados é eminente
e certa. Novas agendas de encontros começam a surgir.
E pensar tudo começou com pouca intimidade, mas no final tá tudo
junto e misturado. E sabe porquê?
Vencer a dificuldade e o desconhecido. Temos uma capacidade inconsciente
e natural de praticarmos a solidariedade em grupo, ajudar e apoiar na
dificuldade. E melhor: vencer.
Parece clichê e conversa de auto-ajuda, mas viver em Brasilia, ter o cerrado como terapeuta e amigos como inspiração...é um privilégio.
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Agradeço seu comentário. Andrea Pires