Sevilla tiene una cosa!
De
Madrid para Sevilla! A cidade
que parece litoral, mas é banhada de sol e bares! Apesar
da correria, foram 3 dias de puro deleite, ócio, sol, bares e boas risadas.
Optamos
pelo trem de Madrid para Sevilla. Muito confortável e uma experiência bacana
para uma 1ª. vez (como era o caso da minha amiga), cujo valor da passagem
corresponde ao serviço prestado e tem lá seu glamour viajar de trem na Europa
né?
Chegamos
no final da manhã de um dia muito quente numa cidade alegre e festiva, com a
cara do verão. Nosso hotel, muito bem localizado, além de ser uma atração à
parte: Hotel Patio de La Alameda ficava na Alameda Hercules. Uma casa do século
XIX com arquitetura interna de pátios andaluzes. Pequeno e muito aconchegante,
o atendimento faz mais que justiça à beleza do hotel. Todos foram sensacionais,
registrando aqui a 1ª. impressão de minha amiga sobre a cidade: como as pessoas são acolhedoras, alegres e
a segurança percebida logo na chegada.
Apesar
da cidade exalar um ar “litorâneo” e as pessoas parecerem estar na praia, a
cidade não tem mar. Mas os bares, as
melhores coisas de Sevilla, mantém esse “aire” de verão praiano. Sevilla é bem fácil
de entender cuja boemia retrata sua história, sua leveza conquistada com muitas
dores e sua alegria de viver pelas batalhas sofridas. Sevilla é uma homenagem à
vida.
Sevilla através da história:
Chamava-se
Híspalis no período romano por volta de até 700dc quando foi conquistada pelos
mulçumanos, atingindo seu apogeu de prosperidade. Em 1248 é reconquistada pelos Reis Católicos e
a história se repete: conversões, perseguições, miscigenação e sobrevivência.
Como
todas as cidades de Andaluzia, passou por mãos muçulmanas e cristãs cujas
batalhas foram vividas à luz de muita violência e devastação. Na Guerra Civil
houve mais uma etapa de destruição e a decadência se instalou. Talvez seja por
isso que a cidade tem encravada nas suas arquiteturas uma diversidade cultural
e um povo muito acolhedor. Todas misturas passam por Sevilla e sua história
deixou a alegria de viver como marca em seu povo, como se comemorassem todos os
dias o simples fato de estarem vivos.
A Alameda Hercules, nossa base em Sevilla,
é uma região muito bacana que existe desde 1574. Hoje é rodeada de bares e um
dos points da boemia alternativa de Sevilla. No início era um jardim público da
alta classe que passou pela decadência no período da Guerra Civil e foi
revitalizado recentemente, tornando-se um centro de arte e cultura alternativo.
No final do dia os bares aplacam o calor com as sombras das árvores e uma cerveja gelada. Um ótimo lugar para o ócio
e boas conversas. No começo da manhã esses mesmos bares abrem e servem café da
manhã a preços generosos.
Bem
perto da Alameda Hércules está o centro
monumental de Sevilla: parte turística obrigatória. Ou seja, essa foi mais uma
decisão para ajudar a minha amiga a se sentir mais segura e com facilidade de
se integrar na dinâmica da cidade: a localização do Hotel e a mobilidade. Aproveitamos
nosso primeiro dia para caminharmos pela Alameda Hercules até La Campana: rua de muita importância
desde 1510 quando era conhecida como a “Calle
de Pasteleros” por ter lojas de fabricação e vendas de doces. Atualmente
mantém uma referência dessa época com a doceria Campana, desde 1885. A partir
da Campana vários pontos da cidade
estão interligados, principalmente o centro comercial e a Calle Sierpes, a “famosa”. Sabe porquê?
É aonde
ficam as lojas famosas e de marcas e as pessoas passeiam alegremente e
despojadamente pelas lojas e rua, sob o frescor dos toldos que cobrem toda a
extensão da Calle Sierpes.
No 2º. dia
a programação foi Catedral e La Giralda , com direito à
subida pelo mirante. La Giralda vem do antigo minarete que era parte
da Mesquita Mayor. A história começa quando Sevilla é conquistada pelos
muçulmanos e a Mesquita Mayor e a torre (La Giralda) são construídas neste período
que vai de 700 a 1200dc aproximadamente.
No século XIII, quando os reis cristãos reconquistam Sevilla, a Mesquita
é convertida a Igreja dedicada a “la Asunción de María”. Somente nos séculos XV
e XVI as construções são finalizadas e hoje conhecemos como Catedral Gótica de Sevilla. Durante esse período sobreviveu a 3
terremotos e no local encontram-se os restos mortais de Cristóvão Colombo e os túmulos
dos reis. Além da parte interna deslumbrante e a subida na torre (de tirar o
fôlego literalmente), a dica é descansar no Pátio de los Naranjos com seus jardins, fonte e sombras.
Depois da
Catedral, seguimos ao bairro de Santa Cruz,
na parte mais antiga da cidade que tem
como referência ter sido uma “juderia (bairro dos judeus). A comunidade judia
de Santa Cruz foi a 2ª. mais importante da Espanha, sendo a primeira, a
comunidade de Toledo. De arquitetura gótica, o bairro fica entre a Catedral e o Real Alcazar (palácio em estilo mourisco). Suas ruas estreitas e
praças cheias de arvores rodeadas de lojas de lembranças, artesanato, doces e
cerâmicas, também convidam à boemia, pois nessa região se concentram muitos bares
de tapas. Ainda nessa área antiga, um
paradoxo: o Parasol na Praça La
Encarnación! Difícil
entender esse monumento que traz uma modernidade que contrasta muito com a região
antiga. “Las Setas” ou Parasol, é uma
construção de madeira formando 6 guarda-sóis (inaugurada em 2011). Conhecida
como “Las Setas” porque lembra muito
o formato de cogumelos.
Além da área de contemplação e vista da cidade, é no subterrâneo
que fiquei de boca aberta: lá encontra-se o Antiquarium,
um museu arqueológico com vestígios romanos e árabes, descobertos na 1ª. fase
da construção do Parasol e podem ser
da época de Tibério 30dc, indo até Século VI com vestígios romanos e construções
islâmicas dos séculos XII e XIII.
E o dia
acabou? Nada!
Final
da tarde com sol alto, seguimos para o Museo Flamenco para uma imersão completa: além de conhecermos
a história de grandes nomes, vivenciar o museu interativo e conhecer as origens
e influências de outras culturas, assistimos o tablao flamenco para fechar a
visita com chave de ouro. A dinâmica desse museu é muito bacana, pois por um valor único (e bem
acessível) pode-se visitar o museu e esperar o horário do tablado que acontece
pelo menos umas 3x ao dia.
No 3o
dia, já em ritmo de despedida, fomos à Plaza
de España. Taí um
lugar que consegue definir bem Sevilla! Localizado no Parque Maria Luísa, foi construída entre 1914 e 1929. A diversidade de pontos de observação e
contemplação rendem fotos maravilhosas. Ao redor da praça tem bancos que
representam as províncias espanholas, representadas, cada uma, pelo seu escudo,
um mapa e uma figura artística. Essa praça foi cenário filmes conhecidos como Lawrence
de Arábia de 1962 e Star Wars Episódio
II: O Ataque dos Clones de 2002. Além da arquitetura e diversidade de contemplação,
musicalidade ao ar livre com artistas de flamenco e outras modalidades nos
prendeu por horas e sem vontade de voltar à realidade.
Fechamos nossa última noite
em Triana para conhecer o outro lado de Sevilla e cruzar a famosa “Puente de Triana” sobre o rio Guadalquivir.
Impossível não associar Triana ao flamenco, aos grandes nomes de toreros e aos perseguidos
pela inquisição. Um bairro inicialmente habitado pelos ciganos e judeus, porém,
o prédio da sede central da Inquisição (1481) ficava no antigo castelo de São
Jorge, bem na saída da ponte (onde hoje é o Mercado de Triana), chancelando a
ocupação cristã. Hoje o bairro é uma boemia cool.
Saindo
da Puente de Triana, logo em frente, está a Plaza del Altozano onde
ainda se encontram construções antigas, como a farmácia, a estátua de um torero
e a estátua de uma mulher flamenca, dando as boas-vindas a quem chega. Toda a
praça segue com um burburinho de bares e lojas. À direita da praça, o Mercado de Triana e as relíquias
arqueológicas do Castelo de São Jorge na parte inferior do mercado, local onde foi
sede da Inquisição de 1481. Saindo pelo mercado chegamos no “callejón de la Inquisición” (beco da
inquisição) e as ruas seguem como por exemplo na calle San Jorge que se
encontra o museu de cerâmica: uma antiga fábrica de cerâmica de 1870, e, claro,
a “lojinha” para não deixar a gente com água na boca. Na base da ponte de
Triana também se encontram restaurantes maravilhosos com uma vista belíssima
para o rio, e à esquerda, a Calle Betis
e todo um passeio que contorna as margens do Rio Guadalquivir, também com
tablados flamencos e restaurantes e bares.
O que
fazíamos às noites? Bares, caminhadas, bares, tapas e conversas. Conhecemos
pessoas, fizemos novos amigos, criamos novas memórias, reencontramos alguns
amigos e ficamos com muita saudade. Intenso
não?
Sevilla é assim mesmo. Desconheço quem simplesmente “passou” por Sevilla e não
se apaixonou pelos seus cantos e encantos. Não dá para explicar Sevilla de um a
forma simples, racional e objetiva. Sabe Porquê?
Porque Sevilla tiene una cosa!
Próxima
parada desse roteiro andaluz? Granada, tierra soñada ....Aguardem!!!!!
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Agradeço seu comentário. Andrea Pires