Cartagena – Aquela que encantou Gabriel Garcia Marquez por uma vida! – Colômbia
A cidade imortalizada por Gabriel Garcia Marquez tem muitos encantos com sua mistura exuberante de cores, sons, sabores e pessoas. Porta de entrada e saída de riquezas da época da exploração e colonização espanhola, esta é Cartagena das Índias – Colômbia.
Conhecer essa relíquia na costa caribenha é viajar
no tempo das grandes conquistas marítimas empreendidas por Espanha e Portugal e
ser parte do florescer de uma cultura que faz com que a gente queria gritar
para o mundo: Si, señores,
soy américa latina.
Cartagena
foi fundada em 1533 pelos espanhóis onde antes foi habitada pelos indígenas
Calamarís. Atualmente é a 5ª. maior
cidade da Colômbia. No período colonial(1533 a 1717) foi fundamental para
a conquista e expansão espanhola, tonando-se sede do governo. Pertencia ao Vice-Reino de Nova
Granada, uma colônia do Reino de Espanha que abrangia o Panamá, Colômbia,
Equador e Venezuela. Considerada um dos mais importantes portos comerciais para
o transporte de ouro e prata para os
portos da Espanha, bem como um grande centro de comércio de escravos que vinham
da África para serem usados como mão-de-obra nas minas, no cultivo de cana e nas construções de estradas,
prédios e fortalezas.
Até
1810 sofreu ataques de britânicos, norte-americanos, de piratas e corsários, o
que fez com que o Reino da Espanha construísse as muralhas e fortes para defesa
da cidade, há mais de 200 anos e que hoje abriga o centro histórico de
Cartagena. Em 1811 empreendeu a revolta que exigia a sua independência, sendo rendida
e reincorporada inúmeras vezes até que em 1821, com as tropas de Simon Bolívar,
foi a última cidade a ser libertada do domínio espanhol. Daí o título “La
Heroica” em referência à sua resistência.
A
cidade pós-independência estava destruída e devastada, transformando-se numa
cidade fantasma onde somente 500 escravos libertos a ocupavam. Hoje sua
população é maioria afrodescendente. Somente em 1880 com um movimento diversificado
migratório vindo de toda parte do mundo, a cidade renasce e recomeça com uma miscigenação
e transformação total de sua cultura. De
destruição nasce uma “estrela” banhada pelo Caribe e na América Latina.
Conhecer
Cartagena é muito fácil, mas é importante ter uma referência para aproveitar
bem o período da estadia. A cidade oferece uma infinidade de opções turísticas
que vão desde o mais cultural e histórico, passando pela praia e baladas
noturnas em ritmo caribenho apaixonante. Para começar, é importante entender
que a Cidade (ou Ciudad Amurallada) tem 2 grandes bairros turísticos que podem
ser percorridos a pé: Centro histórico – parte
interna da muralha, onde se concentra quase toda a parte antiga de Cartagena,
com suas ruas românticas, coloridas, prédios e casarios antigos e grande oferta
de bares, restaurantes, “lojinhas” e hotéis e pousadas e Getsemani – bairro boêmio e alternativo que no passado já foi
moradia de escravos, ponto de traficantes e zona de prostituição, passando por
um forte renascimento cultural, transformando-se numa região boêmia e alegre com bares descolados, casas de salsa, hostels
e muita arte pelas ruas.
Ambos
os bairros estão muito próximos e divididos na entrada principal do centro
histórico - Puerta del Reloj e o Paseo de Los Mártires. A Puerta
del Reloj ou Torre del Reloj ou Boca del Puente é o ponto de referência de onde
parte a cidade amuralhada, cuja construção data do início do séc. XVIII. No
local existia uma ponte que unia ambos os bairros. A partir deste ponto o fluxo
de idas e vindas entre um bairro e outro é o que há de melhor para fazer
durante o dia e à noite. Bares, restaurantes, lojinhas são percorridos a pé,
com total segurança entre nativos e turistas.
Dentro
da cidade amuralhada, na Torre del Reloj, estão Las Bovedas, construídas no
fim do séc XVIII onde já foi depósito de munição e celas. Hoje
elas servem como pequenas lojas que vendem artesanato, doces e lembranças aos
turistas. O assédio de ambulantes é intenso. Dentro do centro histórico é bem
controlado, mas ao cruzar a Puerta de Reloj, chega a ser desconfortável. Aí vai
uma primeira dica: se você não vai comprar nada, não pergunte o preço. Caso
contrário, você terá companhia para todo o dia.....acredite.
Como
nos organizamos para conhecer o máximo possível em 2 dias e meio?
Durante
o dia, preferi usar free walker tours para o Centro Histórico e Getsemani. Esse movimento tem sido muito
difundido em todo mundo. Para quem gosta de caminhar é perfeito porque são
roteiros feitos a pé, durante uma manhã completa, com um guia local muito rico de história e
peculiaridades, além de ser muito divertido. Ao final do roteiro, a
contribuição é livre. Eu utilizei o Free walk beyond que contratei
no guruwalker e recomendo demais.
As
hospedagens são para todos os “bolsos”. Desde pousadas rusticas até construções
antigas que tornaram-se hospedagens luxuosas, como o antigo Convento Santa
Clara, hoje um hotel 5 estrelas Sofitel Legend, cenário para Amor em tempo de
Cólera de Gabriel Garcia Marquez. Nos
hospedamos no Hotel Casa de los Puntales, cuja
localização foi perfeita, dentro da cidade amuralhada. Os quartos são bem
confortáveis e o café da manhã é servido na cobertura com ambiente bem
acolhedor e bucólico. Outra dica importante é escolher hospedagem que permita mobilidade
a pé! Tudo fica mais fácil de dia e à noite em Cartagena com essa mobilidade.
Aproveitamos
nossa primeira tarde e caminhamos até encontrar a casa de Gabriel Garcia
Marquez. Conhecemos de perto aonde ele viveu e como se inspirou para escrever
seus livros. Uma casa laranja que passaria despercebida e sem atrativos, numa esquina
do centro histórico. Ao lado, um hotel boutique aberto ao público com pequenas
relíquias da amizade que mantinha com o escritos. Por todos os cantos da cidade
é possível identificar as inspirações de suas histórias.
Seguindo na direção das muralhas reservamos um fim do dia para o Pôr do Sol no Café Del Mar. De fato, a muralha é o ponto alto de Cartagena porque leva a muitos outros lugares. E esse pôr-do-sol é a balada mais “badalada” do verão. Mais aqui vai mais um dica: é caro se sentar e consumir qualquer coisa no CaféDel Mar. Você pode apreciar o sol de pôr e sair para outros locais mais atrativos para beber e comer.
Nosso
2º. dia foi dedicado ao Free walk pelo centro histórico. O ponto de encontro é
no Paseo de los Martires. De lá, começamos a conhecer a famosa “La Heroica”,
uma estátua que rende homenagem aqueles que lutaram pela independência e a
caminhada começa como um grande retorno à Cartagena antiga. Todo o trajeto é
recheado de belíssimas e cuidadosas informações sobre a história de Cartagena.
Passamos pela Plaza de los Coches, Plaza de la Aduana, Plaza e a Igreja de San
Pedro Claver e Plaza de Bolívar e o Palácio da Inquisição, aonde tem a estátua
de Simón Bolívar no centro.
Ao lado do palácio está a Catedral de Cartagena,
que data do século XVI. A Igreja de Santo Domingo que fica na frente da Plaza
Santo Domingo onde está a escultura Mujer Reclinada ou Gorda Gertrudis ,
de Botero.
Entre uma parada e outra, sempre encontramos as palenqueras com suas cestas de frutas e doces. Uma curiosidade: a palavra “palenque” é uma referência ao povoado de San Basilio de Palenque fundado por escravos fugidos. As Palenqueras são mulheres vendedoras de frutas que no passado caminhavam todos os dias de sua aldeia para vender frutas nas cestas feitas à mão nas ruas de Cartagena. Hoje são atrações turísticas e rendem lindas fotos, com seus vestidos de coloridos, sorrisos abertos e muita simpatia, mas atenção: as fotos são cobradas. Elas fazem parte da história da cidade. E, para quem aprecia museus: o Museu do Oro e o de História – Santa Inquisição, como alternativa para esperar o calor passar. Dentro desses locais tem uma linha do tempo que faz com que aquelas aulas de história façam todo sentido, só que com todo um acervo material.
Entre uma parada e outra, sempre encontramos as palenqueras com suas cestas de frutas e doces. Uma curiosidade: a palavra “palenque” é uma referência ao povoado de San Basilio de Palenque fundado por escravos fugidos. As Palenqueras são mulheres vendedoras de frutas que no passado caminhavam todos os dias de sua aldeia para vender frutas nas cestas feitas à mão nas ruas de Cartagena. Hoje são atrações turísticas e rendem lindas fotos, com seus vestidos de coloridos, sorrisos abertos e muita simpatia, mas atenção: as fotos são cobradas. Elas fazem parte da história da cidade. E, para quem aprecia museus: o Museu do Oro e o de História – Santa Inquisição, como alternativa para esperar o calor passar. Dentro desses locais tem uma linha do tempo que faz com que aquelas aulas de história façam todo sentido, só que com todo um acervo material.
Nosso
3º. Dia foi dedicado ao bairro Getsemani com o free walk pelo período da manhã
e umas boas comprinhas pelo período da tarde. O tour pelo bairro durante o dia
é muito tranquilo e mostra uma perspectiva muito diferente do movimento
noturno. Durante o dia é mais fácil caminhar e contemplar as cores, os
grafites, as pessoas e a rotina. Pelas ruas, a música como pano de fundo em
algumas casas já apresenta um novo dia começando e a vizinhança vai se
acomodando com suas cadeiras de descanso pelas portas e calçadas. Por todos os
cantos: arte em grafites. O tour leva pelas ruas mais famosas e coloridas até à
Plaza de la Trinidad, onde fica a Iglesia de la Santísima Trinidad (fundada em
1643). Esse local é muito importante para os Cartageneros porque foi nesta
praça que, em 1811, começou o movimento da independência e o surgimento das
liderança rebeldes.
Sobre
a gastronomia, a dica é aproveitar o que a cidade tem de melhor: ceviches,
peixe frito, camarão, arroz de leite de
coco, os drinks elaborados ao estilo caribenho, o café e as frutas, sem medo.
Os sabores são indescritíveis e memoráveis.
O
hotel nos indicou o restaurante La Mulata, referência em comida Caribenha,
Latina, Frutos do mar e Colombiana. Está sempre aberto para almoço e jantar.
Uma
outra dica de almoço é o Buena Vida restaurante que fica numa
esquina movimentada, mas dentro, um bistrô altamente acolhedor e confortável
com um menu de alta gastronomia. Lugar para ficar, comer e relaxar. E
para fechar, mais uma dica especial: La Cocina de Pepina leva a uma
experiência sensorial! Almoço típico em Getsemani, fechando com chave de ouro
nossa admiração pelo bairro. Parada
obrigatória é nas cafeterias Juan Valdez, que está
presente em toda a cidade. Todos sabem que café na Colômbia é muito bom e referência
mundial.
Bairro
de Getsemani, seus bares e a salsa
Ao
cair da noite o bairro boêmio revela seu ar caribenho – as ruas ficam
movimentadas e vibrantes. Os bares e o som da música ao vivo se espalha e é um
convite tentador. Grupos se aglomeram nas calçadas e a alternativa é: beber,
dançar e comer arepas grelhadas nas barracas próximas. As casas de salsa e
rumbas são muitas e variadas. A recomendação aqui é flanar pelo bairro à noite
e escolher um lugar à revelia....não tem risco e a diversão é certa.
Tour
de Chivas
O
famoso Tour de Chivas é muito conhecido e divulgado, mas confesso que é de gosto duvidoso. O tour é feito em um ônibus
super colorido e cheio de luzes piscando o tempo inteiro, como se o ônibus
fosse uma “disco sobre rodas”. Está incluído a bebida: rum e coca-cola em
temperatura ambiente e quase intragável. Muito democrático e procurado por todo
tipo de turista, torna-se a atração das ruas com a música alta de variados
ritmos e um locutor que incentiva as pessoas a dançarem em pé no ônibus,
enquanto percorre a cidade. Enquanto nos divertimos dentro do ônibus, alguns se
irritam fora do ônibus pelo barulho e transtorno que cause no trânsito. Não vimos
nenhum monumento que é oferecido pelo tour até porque um ônibus lotado, com
luzes de casa noturna e todos dançando era praticamente impossível ver alguma
coisa, mas nos divertimos muito com a música e a alegria.
A
Salsa por Cartagena
A
ideia era conhecer o Café Havanna, muito popular para os turistas e uma
referência histórica. Porém, eu decidi que queria algo menos turístico e mais
local. Tive a sugestão do hotel para ir ao Donde Fidel, na Plaza del
Reloj. Fica bem numa esquina de Las Bovedas. Lugar
simples, discreto, mas que, aos poucos vai sendo tomado de cartageneros. Muito popular
e que toca uma salsa de primeira. Nas paredes, fotos com celebridades que ali passaram,
comprovando que o lugar é uma preciosidade e muito original. Dançar salsa é
“somente dançar salsa mesmo” pois o bar serve apenas bebida e a música é
contagiante. Aos poucos as pessoas vão se acomodando pelos cantos apertados até
que os casais vão se formando e tomando conta dos corredores apertados. Não tem
como ficar parado. Então vai outra dica é: vá ao Dondefidel para se misturar e
dançar até não aguentar mais. Esqueça luxo e requinte. Não se intimide se
alguém te convidar para dançar. Deixe-se levar pelo som de Cartagena.
Enfim...esse é um daqueles lugares que preciso voltar. Há muito que experimentar. E, como disse Gabriel Garcia Marquez, a vida não é o que se viveu, mas sim o que se lembra, e como se lembra de contar isso. Isso fez todo sentido quando terminei esse post. Cada lugar tem uma mágica que se mistura com sua emoção pessoal. O que faz com que a experiência seja única é como as memórias são contadas. Assim como estou contando sobre Cartagena com toda minha carga emocional, misturada com as cores, beleza, leveza, sabores, alegrias de Cartagena, é assim que eu deixo aqui a dica final: tem que ir para saber e vivê-la.
Enfim...esse é um daqueles lugares que preciso voltar. Há muito que experimentar. E, como disse Gabriel Garcia Marquez, a vida não é o que se viveu, mas sim o que se lembra, e como se lembra de contar isso. Isso fez todo sentido quando terminei esse post. Cada lugar tem uma mágica que se mistura com sua emoção pessoal. O que faz com que a experiência seja única é como as memórias são contadas. Assim como estou contando sobre Cartagena com toda minha carga emocional, misturada com as cores, beleza, leveza, sabores, alegrias de Cartagena, é assim que eu deixo aqui a dica final: tem que ir para saber e vivê-la.
Para
mim, a melhor definição de Cartagena é uma cidade vive comemorando a vida, a
vitória, a esperança. Parece que foi ontem aquela cidade que heroicamente caiu,
mas parece que é hoje que ela está recomeçando.
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Agradeço seu comentário. Andrea Pires