quinta-feira, 30 de maio de 2013

Uma pausa para repensar ou um motivo para mudar - Como Encontrar o Trabalho de sua Vida?

E um dia a gente acorda e descobre que alguns prazos de validade das nossas escolhas estão vencidos!
É um susto quando depois de muitos anos no mercado de trabalho você se vê meio fora de moda. Que o que você aprendeu e os valores que você construiu ao longo de sua vida profissional já não combinam com o momento atual. Você se dá conta que não percebeu (porque estava trabalhando muito!) que o mundo mudou....Tenho conversado com pessoas da minha geração e o discurso tem sido o mesmo: “Não estou mais encaixado no modelo corporativo atual. Preciso me reinventar! É recorrente uma insatisfação geral, pois minha geração foi “treinada” para sobreviver nos modelos de trabalhos tradicionais. A competição não é pela competência, mas por uma série de variáveis que podem ser “pontos de fraquezas” que não foram observados e nem desenvolvidos. Foi então que li um livro muito apropriado e esclarecedor, recomendado por uma grande profissional de Recursos Humanos e amiga – Carla Barros e que me confirmou essa transformação de valores e busca profissional que muitos estão passando. COMO ENCONTRAR O TRABALHO DE SUA VIDA de ROMAN KRZNARIC. Conversei com algumas pessoas (depois de ler o livro) e percebi que esse movimento de repensar e replanejar a vida profissional é um anseio geral, por isso achei relevante registrar alguns pontos que podem contribuir para uma reflexão ou quem sabe pode ser o começo de algumas mudanças?
O livro aborda questões interessantes sobre a evolução dos modelos de trabalho nos últimos 20 anos. Gostei da forma como o autor estruturou essa abordagem, simplificando as angustias pessoais e tornando a reflexão num convite muito sedutor. Essa questão de encontrar realização profissional com paixão é uma invenção moderna. Fomos educados para trabalhar, (e nunca enriquecer trabalhando medianamente) sobreviver e ter condições de sermos inseridos no modelo coletivo de sucesso: cargo, casa, carro e família. Quem não tem isso, pode ser sinônimo de fracasso. Por isso, desde cedo, fomos condicionados a ter um “emprego seguro” como sendo primordial para alcançar o sucesso.  No livro, o autor fala sobre uma pesquisa realizada no ocidente onde pelo menos metade da força de trabalho está infeliz com emprego. Nos países europeus, destaca que 60% dos trabalhadores escolheriam uma carreira diferente se tivessem a opção de começar de novo. Além disso, existe a morte anunciada de “emprego vitalício”, pois no mundo moderno, surgiram contratos de curto prazo e empregos temporários em que o vínculo empregatício dura em média 4 anos, nos forçando a fazer escolhas, muitas vezes contra nossa vontade. Pois então, como encarar essa situação? De repente, me deparo com essa dinâmica que reflete e impacta no meu dia-a-dia. O autor recomenda algumas opções para enfrentar essa situação, como o “sorria e aguente” até onde conseguir. Ou então, “reinvente-se” sem medo, pois as opções de mudança são vastas. Resgatando um pouco da história da minha geração, me recordo que começamos a trabalhar muito cedo sem muitas opções. Trabalhamos durante muito tempo e somos ainda muito jovens. Como manter esse “sorria e aguente”? Ou como ter coragem para recomeçar? Há muitas formas: Porque não voltar a estudar? Porque não buscar outra profissão? Porque não parar um tempo para se redirecionar? Ou porque não fazer essas 3 coisas ao mesmo tempo? Eu fiz umas contas interessantes: trabalho há 27 anos, não penso em me aposentar e me vejo produtiva por pelo menos mais uns 30 anos.... E agora?  Um ponto de partida é entender as fontes de nossas confusões e anseios quanto a deixar nosso antigo emprego para trás e embarcar em uma nova carreira. O próximo passo é rejeitar o mito de que existe um emprego único e perfeito lá fora à nossa espera e, em vez disso, identificar nossos múltiplos “eus” – uma gama de potenciais carreiras que podem atender aos diferentes lados da nossa personalidade. Diante dessa questão, pensei muito na importância de termos planos B, C, D de vida...enfim...fazer da opção profissional sua única motivação de vida, é suicídio. Hoje, acho totalmente fora de bom senso pessoas que se intitulam workaholics (cujo conceito foi muito disseminado nos anos 80/90) como se isso fosse algo a ser reverenciado. Pessoas assim podem estar compensando frustrações de outros âmbitos de sua vida, através do trabalho. E aí, quando acontece um processo de demissão, entram em depressão profunda. Trabalhar muito é bom. Produzir é melhor e realizar-se é o auge! Eu tive um chefe de grande projeção profissional que me dizia sempre: temos que ter 02 prazeres na vida: um quando saímos de casa para trabalhar e outro quando voltamos para casa depois do trabalho. Se um deles deixa de existir, você tem um problema. Então, esses “eus” que o autor cita é essa visão sobre nós mesmos e os lados da nossa personalidade. Não posso aceitar como única alternativa de realização o trabalho, porque sou múltipla e meus outros “eus” também são importantes.  E as armadilhas e perigos da educação?  Muitas pessoas estão presas a uma força difícil de desvencilhar no trabalho porque estão presas ao passado que escolheram estudar quando eram jovens. A consequência: pessoas em carreiras que não combinam com sua personalidade. Recordo-me claramente que eu tinha poucas opções viáveis (e medicina e direito não era para meu bico financeiro) de estudar e ter alguma profissão. Nos idos dos anos 90, faculdade era artigo de luxo e uma verdadeira loteria. A ordem da vez era “o que passar, cursa”! Ter o tal do 2º. Grau já era passaporte para começar a trabalhar!!! Hoje, as opções são tantas e tão interligadas que os jovens fazem escolhas de futuro. Escolhem a faculdade pensando no prazer da realização e profissões inimagináveis num passado recente, associadas à causas coletivas e de sustentabilidade. Está comprovado também que grande parte dos jovens de classe média não entra no mercado de trabalho antes de iniciar a faculdade. Graças às conquistas econômicas e sociais da nossa geração, nossos filhos terão mais tempo e mais opções. Ainda assim, minha geração se sente muito jovem para se conformar com escolhas que foram necessárias no passado, mas que agora já não surtem o mesmo efeito. Sinto que temos legitimidade e condições de recomeçar e aproveitar essa nova dinâmica.
“Sentido do trabalho e suas dimensões”.
O castigo mais terrível para qualquer ser humano, escreve Dostoiévski, seria a condenação a uma vida inteira de trabalho “absolutamente desprovido de utilidade e sentido”
Se ele estivesse vivo por agora, estaria estarrecido!  A maioria das pessoas escolhe uma carreira em função dos benefícios financeiros. O que é lógico, pois temos contas, dívidas e família para sustentar. Essa é a motivação mais forte e antiga, pois crescemos numa sociedade em que “ter” é mais adequado que “ser”. Quanto mais se tem, mais se gasta e mais se quer.  Agregado ao “ter”, vem o “Status Social” representado por um trabalho de prestígio que gere admiração e reverência de outros. Ciclo da “imagem” que durante um tempo (dinheiro e status) dá uma frágil condição de realização, porém, pode ser o início da descida ao fundo do poço. Rever o “Sentido do trabalho”, questionando o que realmente proporciona satisfação e procurar realização em ser, pode ser o começo da mudança.
Como cultivar paixões e talentos?
Um mestre na arte de viver não faz distinção nítida entre trabalho e diversão; trabalho e lazer; corpo e mente; instrução e recreação. Ele dificilmente sabe qual é qual. Simplesmente segue sua visão de excelência em tudo o que está fazendo e deixa os outros determinarem se ele está trabalhando ou se divertindo. Para si mesmo, ele parece estar fazendo as duas coisas. Imagine que, depois que aprendemos sobre a necessidade de trabalhar como algo árduo e obrigatório, alguém começa a dizer que não precisa ser assim. E aí o livro começa a fica menos conceitual e mais prático. O autor propõe algumas reflexões e exercícios como uma forma de “organizar” seus anseios e confusões. Por exemplo: que tal, descrever seus diversos “eus” (facetas de sua personalidade)?  Fazer um mapa de suas escolhas atuais, descrevendo sua rota até o presente e também as funções que desempenhou e as motivações relacionadas. Faça isso com uma boa garrafa de vinho ao lado, por favor! Olhe o mapa e tente entender o que ele revela quanto à sua vida profissional até agora, suas motivações e quais delas você gostaria de manter e desenvolver? Depois disso, crie vidas imaginárias como se você pudesse estar em 5 universos paralelos, passando 1 ano em cada um deles, em qualquer carreira profissional  de seu desejo. Tire daí 5 diferentes empregos que você gostaria de experimentar em cada universo. Bacana né? Pois então, agora, compare as motivações: da sua realidade e dos seus universos imaginários. Como está essa distância? Dependendo da sua conclusão, abra outra garrafa de vinho! E não se desespere!

Agir primeiro e refletir depois. Arriscado isso né?
A busca da coragem é diretamente proporcional à sua condição de se preparar para isso. Planeje o tempo na transição para novas escolhas, crie projetos experimentais, trabalhe em oportunidades que não visam dinheiro, diversifique sua atuação independente de sua formação. Aprenda, reaprenda. Vire sua vida profissional de cabeça para baixo, pesquise novas carreiras, programe viagens e períodos sabáticos. De longe, o maior erro que as pessoas cometem quando tentam mudar de carreira é esperar a definição de um destino para dar o 1º. passo. A única maneira de criar mudança é colocando nossas identidades em prática...a melhor reflexão vem depois, quando estamos sob o impacto e quando existe algo para refletir. E finalmente, queremos liberdade de trabalhar e de produzir. As pessoas não suportam mais a rotina e a burocracia. Querem pensar, agir, ajudar, desenvolver. O modelo paternalista vigente é uma zona de conforto e uma armadilha que anula as possibilidades de realização pelo medo. O convite é gerar uma anarquia profissional na sua vida, que te permita mudar e aproveitar os próximos 30 anos.  Roman Krznaric me agradou muito e mostra que as loucuras necessárias são melhores vividas quando a gente se prepara para “pegar a onda”. Não necessariamente teremos sucesso, mas estar preparado é uma forma de não resistir à mudança. Recomeçar, duvidar, arrepender e viver. É isso que vale. E se essas reflexões mexeram com você, aqui ficam mais algumas perguntas que o autor provoca para dar mais impulso às duvidas e receios:
1.   O que seu trabalho atual está fazendo com você como pessoa – com sua mente, seu caráter e seus relacionamentos?
2.   Em comparação com seus pais ou avós, qual foi seu poder de escolha em relação a sua vida profissional?
3.   Quais são seus 3 maiores receios quanto a mudança de profissão?
4.   O que você gostaria de mudar sobre sua atitude em relação ao dinheiro?
5.   Quem você acha que está julgando o seu status? – família, velhos amigos, colegas? Você quer dar a eles esse poder?
Salut!

 

Um comentário:

  1. Mesmo sabendo de Todos os posts deste blog, esta sera a 1a vez que comento...rsrs. Essa necessaria re-invenção esta ocorrendo por aqui, pois o desejo de conquistar coisas mais valiosas (que com certeza não tem um preço, e sim valor).

    E mais uma vez vou me lançar naquilo que amo, e pq amo, me dedico, e pq me dedico, me encontro...

    Como citaria um bom parachoque de caminhão: "a vida é como andar de bicicleta, ao parar de pedalar o tombo é a próxima etapa"

    Diego

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Agradeço seu comentário. Andrea Pires

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Andrea Pires

Com Salto&Asas é um lugar de verdade, onde compartilho as memórias das viagens que mudaram minha vida e que me transformam diariamente. Sonhar, Planejar e Realizar, o melhor caminho para ter o Mundo nas Mãos! comsaltoeasas@gmail.com

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