sexta-feira, 30 de junho de 2023

sexta-feira, junho 30, 2023

Planejando o “quase” impossível - Intercâmbio depois dos 50!

Verdade seja dita : muitos da minha geração tem como regra que pouco nos é permitido sem nos sentirmos culpados. Não julgo essa “FORMA” de pensar porque foi assim que aprendi. E levamos algum tempo para mudar o que é cultural. Pequenas conquistas são para serem comemoradas com prazo de validade. E as derrotas devem ser sofridas também num tempo curto e certo. Isso me proporciona muita cautela. Talvez seja por isso que a palavra que mais me assombra é ESCASSEZ. Sob todos os aspectos: emocional, material e espiritual.

Tenho medo da ESCASSEZ.  E a de cunho material é a que tem um vínculo mais forte e visível com um histórico de vida (claro). Por isso assumi, desde muito cedo, o desafio de planejar detalhadamente cada passo relacionado à despesa ou ganho financeiro, de forma a me dar um certo controle sobre o medo da escassez material.

Essa compulsão de planejar me permite organização em excesso, porém nem sempre me permitiu desfrutar como gostaria. 

Por que? 

Porque para quem planeja exaustivamente, como eu, sempre está olhando para frente, para o futuro, sem muito tempo de ficar no presente.  

Aprendi muito cedo, logo que comecei a trabalhar, que o padrão de vida pode aumentar, conforme os ganhos aumentam, porém, ele não deve comprometer a qualidade de vida no futuro. De que adianta viver um alto padrão de vida no presente, endividado e não pensar que o futuro chega rápido? Ao longo dos anos fui (cautelosamente) aumentando meus objetivos e percebi que com planejamento financeiro é mais provável alcançá-los, porém, não quer dizer que será fácil. Então, se eu fosse colocar numa balança, seria algo assim: meu estilo de vida não pode ser maior que os meus objetivos de médio e longo prazo. 

Ou seja, se mantenho um alto estilo de vida, certamente vou comprometer os objetivos. Por isso, decidi ser minimalista em algumas áreas da vida para poder alcançar alguns objetivos bem ousados.

Isto posto para contextualizar, consigo explicar sobre como foi possível fazer esse intercâmbio fora do Brasil, reforçando que o estilo de vida foi determinante e ajustado para que eu pudesse realizá-lo.

Como começou esse planejamento

Quanto? Como? Quando?

Quanto!

Primeiro passo foi ter dimensão do valor total para esse objetivo. Pesquisei por muito tempo e recorrentemente. Fiz pesquisas a cada 3 meses nesses últimos 4 anos, considerando os vários cenários econômicos que pudessem interferir na conversão da moeda (real para euro) e criei uma planilha com as projeções:

- Passagem aérea - coloquei todas as possibilidades de chegada na cidade destino, as opções de quebrar a chegada em aéreo e terrestre, pesquisei os dias da semana que os valores variavam para maior ou menor e a época do ano. Fiz um mapa de possibilidades sobre passagem aérea.

- Hospedagem: coloquei na planilha as opções de hospedagem em hotel, casa compartilhada e quartos individuais. Incluí as vantagens e desvantagens. De cara, hotel foi descartado, pelo valor e pelo desconforto de ficar fechada num quarto sem janela (como sempre ocorre). A hospedagem tinha que ser adequada para permanência, já que o período seria longo.

- Pesquisei os valores dos custos do curso que eu gostaria de fazer e as opções que poderiam ter com mais de um curso e se havia algum desconto para tempos prolongados.

- Fiz uma projeção de gastos de alimentação e o dia-a-dia, pesquisando na cidade o preço de comida, transporte, etc...buscando muitos vídeos de viajantes e blogs que falam sobre isso.

Planilha Pronta com POSSIBILIDADES! Próximo passo .....

Como!

O segundo passo do planejamento foi definir como seria esse intercâmbio.  Foi fundamental pensar no dia-a-dia com o objetivo de estudar e morar. Me incorporar na rotina dos moradores era o ponto mais importante. Por isso excluí despesas que ocorrem quando estamos de férias e defini o objetivo de hospedagem um local mais longe do setor de turístico. O planejamento estava ajustado para um estilo de vida de estudante.

Quando!

O terceiro passo foi pensar quando seria esse intercâmbio. O planejamento começou de verdade em 2019, porém, a pandemia colocou tudo em banho-maria. Sem perspectiva, no final de 2022 retomei-o e coloquei a meta para 2023. Só faltava definir quanto tempo seria de intercâmbio.

Fechado o planejamento, parti para as decisões já em janeiro de 2023 com a perspectiva de fazer o intercâmbio em junho de 2023. Todas as pesquisas financeiras coloquei numa régua de tempo de permanência de 1 a 3 meses.

Por que?

Para saber qual seria o mais vantajoso, considerando que a passagem é o custo que se deprecia com a quantidade de tempo no destino e o valor varia muito em determinados períodos.

A hospedagem e despesas de alimentação para um tempo maior são os custos mais variáveis e que impactam com mais força no orçamento. Qual seria o ponto de equilíbrio?

Cheguei na melhor projeção para 2 meses.

- A passagem decidi chegar no destino final com voo de conexão: o valor planejado não me dava o luxo de chegar em Madrid, passar uns dias e ir para Granada. Seriam despesas que não foram planejadas.

- A hospedagem optei por Airbnb um quarto com varanda e banheiro privativo (esse luxo não abri mão), e a localização seria num ponto distante da área mais badalada e num local que me permitisse trabalhar remotamente.

- Alimentação: a projeção por dia foi bem menor do que no período de férias. Optei em buscar opções de comprar comida em mercados que eu pudesse comer em casa na semana. Optei em fechar um valor em dinheiro em espécie, de forma a não me descontrolar com cartão. Ou seja, por dia, posso gastar “x” reais com alimentação. Despesas extras, seriam no cartão de crédito. O efeito psicológico disso é que não posso voltar do intercâmbio com cartões de crédito comprometidos porque minha rotina no Brasil voltará ao normal.

- Transporte: a cidade é muito linda para caminhar. Apesar do calor e das ruas sempre em ladeiras, me convenci que caminhar ou pegar ônibus fazem parte dessa imersão.

Comprei as passagens em janeiro, acertei a hospedagem em março e, por fim, fiz a inscrição no curso (seriam 2 cursos, mas o orçamento me permitiu apenas 1 curso) em abril. Desta forma, se durante a estadia eu conseguir economizar na alimentação, posso contratar aulas extras. Esse é o trato comigo mesma.

E foi assim, simples mesmo: quanto, como e quando, tomada de decisões e execução.

Por trás dos bastidores!

Já em 2022, com esse planejamento, ajustei a minha rotina do dia-a-dia para cumprir o prazo da meta – 2023.

Tudo foi perfeito? Não. Tinha época que eu desistia e deixava o planejamento de lado, achando quase impossível chegar no objetivo de ir. Mas, retomava. Nem sempre com otimismo. Não engavetei, mas teve períodos que eu achava impossível.

Nesse tempo de espera e planejamento não deixei de fazer coisas importantes, tais como pequenas viagens, entretenimento, cuidados pessoais. Mas tive que mudar a rotina e ter mais trabalho e tempo para: cozinhar mais vezes, organizar melhor as compras do mês para aproveitar promoções (mesmo que eu tivesse que ir mais longe para comprar) e criar obstáculos de consumo, sempre me perguntado: realmente preciso disso? Porquê? Para que? Se uma dessas perguntar não eram respondidas, não comprava.

Outras despesas relacionadas ao consumo deixei para depois do intercambio, ou seja, meu calendário de planejamento tinha 2 datas: AI e DI (antes do intercambio e depois do intercambio).

Foi muito difícil manter-me focada. Não tem mágica. Não tem receita. Somente planejamento e meta.

E agora estou aqui. Em tempo real, fazendo valer o que foi planejado, mas com flexibilidade para não me cobrar tanto se fugir um pouco do orçamento. A ideia é deixar esses 2 meses fluírem, sem culpa, já que muito me foi permitido.

E, quem sabe, inspirar outras pessoas?





domingo, 19 de fevereiro de 2023

domingo, fevereiro 19, 2023

Uma rota de fuga necessária! - Serra Grande – Praia de Sargi – BA


Rotas de fuga são secretas.

São os pequenas e preciosas experiências que guardamos a 7 chaves. Geralmente não são compartilhadas para preservar a privacidade. São os nossos jardins secretos.

E  por que estou compartilhando ? Porque é tão grande a alegria desse jardim secreto que não cabe dentro de mim.

Quando comecei a escrever sobre os destinos, há 10 anos, o propósito era inspirar para voar bem longe, com ou sem medo. Sozinha ou acompanhada. Hoje, com esse propósito vencido, estou ajustando as experiências porque faz muito sentido falar e mostrar a grandeza do simples, do fácil, do leve, sem fórmulas e receitas “redondinhas”. 

A poesia está em divulgar que (para  mim), não importa tanto a ousadia ou a lonjura de ir, mas o que está à mão que pode trazer surpresas em chegar.

Com a pandemia (2020 a 2022), as buscas de destinos mudaram, elas ficaram mais intimistas e cheios de experiências. Muitos destinos no Brasil vem sendo descobertos quando anteriormente nem eram cogitados.

A Bahia é assim. Quando a gente acha que já viu tudo, aparece um novo lugar. E eu tenho uma queda pela Bahia. Confesso. E acho muito bom quando chego num lugar que (ainda) não foi descoberto e explorado pelo turismo de massa. São essas as rotas de fuga que descobri nesse período.

Mas, olha, corre, porque rapidamente será descoberta, ocupada e transformada num destino amplamente cobiçado pelo perfil urbano que busca o exótico como escape da vida corrida. Então, aproveita as dicas e se joga!


Serra Grande – Entre Itacaré e Ilhéus, a princesinha da Praia de Sargi.

Vamos situar essa maravilha!


Sargi fica no litoral  Sul da Bahia, na costa do cacau, em Serra Grande, cidade de Uruçuca. No mapa é fácil achar, pois ela fica entre Ilhéus e Itacaré. Só quem conhece o litoral baiano de norte a sul, entende por que a Bahia é de todos os Santos: Parece que aqui todos os orixás fizeram morada.

A praia é simples, rustica, inexplorada urbanisticamente e o com o tempero da Bahia : sol, brisa e preguiça, tão quente que dá vontade de não fazer nada...só ficar olhando. Os nativos são  muito simpáticos e poucos. O local sofreu um “boom de novos moradores” vindos de grandes cidades a partir da pandemia. É para descanso, isolamento e contato direto com a natureza. A praia tem cerca de 4,5km de pura paz e tranquilidade. O tempo nesse pedaço de areia é bem relativo, começa cedo, no nascer do sol. O local funciona com o “sol”.

Como chegar:

Eu fui de avião, por Ilhéus.

Os voos ainda são complicados para Ilhéus, pois as Cias. Aéreas podem alterar a rota de voo direto para voo com conexão, sem avisar o passageiro (isso aconteceu comigo).

Apesar de Ilhéus oferecer excelentes opções de turismo e ser a porta de entrada para o litoral da costa do cacau e do dendê com suas belíssimas praias,  as cias. Aéreas ainda não estão acompanhando a velocidade do turismo nessa região, lamentavelmente.

Chegando em Ilhéus, tem a opção de alugar um carro ou então, buscar um transfer ou taxi no aeroporto. No período que fui (janeiro/23) não havia a oferta de Uber no aeroporto e de Ilhéus para Sargi são quase 40km.

Outras formas de acesso é de ônibus ou carro.


Como se Hospedar:

Em Sargi existem pousadas “pé na areia” e casas para alugar.

Outra boa opção é ficar em Serra Grande, que fica a 8km da praia de Sargi. Recomendo estar de carro e ficar em Sargi para ter a experiência completa.

Sargi era uma vila de pescadores e hoje são muitas construções de casas e algumas pousadas para atender quem quer total desconexão com o stress de locais movimentados.

Somente uma única rua asfaltada. Minha hospedagem foi aluguel de casa ( éramos 3 pessoas) e isso nos trouxe a grata surpresa de vivenciar o dia a dia com todos as rotinas, perrengues e contatos com os nativos. 


A Praia:

São mais de 4km de praia totalmente nivelada, ótima para corrida, caminhada, contemplação e práticas de esportes de areia. Tem espaço de sobra.É uma praia de passagem para quem está hospedado em Ilhéus ou Itacaré, mas tem crescido muito a procura de permanência para quem quer tranquilidade completa. Nos fins de semana, o movimento é maior de turistas de passagem e, para quem está hospedado, durante a semana a praia é quase “particular” e “intimista”.  A praia é calma, água morna com areia branca e reluzente. A imensidão rouba toda a atenção e deixa a gente mal-acostumado com o som das ondas, a maciez da areia e a paz do local. Difícil é sair de Sargi para visitar outras praias e achar normal a multidão disputando um pedaço de areia, a música alta e o esbarra-esbarra a cada minuto de ambulantes. As poucas vezes que fizemos isso, voltamos correndo para Sargi.

Nas praias é possível conhecer poucas barracas de apoio.

A Barraca do Sargi tem uma excelente estrutura com bangalôs, rede de descanso e excelente atendimento. Perfeita para ficar o dia todo, com excelente Menu para almoço e petiscos e drinks elaborados. Nessa barraca as caixas de som são proibidas, dando uma experiencia coletiva mais agradável.

A Cabana Pé na Areia é quase um quintal de casa.  Coisa simples e rapidamente faz-se amizade com os atendentes. Tem uma excelente, sombra, cerveja gelada. Porém, corre-se o risco de algum grupo colocar a caixa de som com playlist duvidosa e você ter que passar o dia incomodado.

Uma característica bem marcante é que todos se conhecem em Sargi e todos se ajudam. O local ainda é carente de comércio e serviços, sendo Serra Grande a opção mais próxima (cerca de 8km). Os ônibus passam de hora em hora rigorosamente : tanto para Ilhéus, quanto para Itacaré. A Cia. Rota tem ar-condicionado e poltronas superconfortáveis.

Em Sargi a mercearia do JEL, que abre às 5hs da manhã,  é o ponto de socorro para quem está hospedado ou é morador habitual. Tem de tudo: de óleos essenciais a ovos e produtos de limpeza. Alguns dias na semana tem a feira e o peixe fresco na frente da mercearia. E, se não deu tempo de ir à feira, é só avisar na mercearia que o peixe fresco vem na porta de casa. Também passa o alface, cheiro verde e algumas frutas em carrinhos de mão na frente da casa.

Outra característica forte é que a praia tem movimento pelo período da manhã e no final do dia, quando o sol está mais ameno. É muito comum as pessoas saírem da praia as 7 da noite. A praia não tem iluminação e faz parte do projeto “a”mar, da Bahia (@projeto.amar_ba) sobre biodiversidade, preservação ambiental e proteção das tartarugas.


O que fazer pela redondeza:

Ir para Itacaré é uma opção. De carro ou de ônibus. Se for de ônibus, o ponto final é a rodoviária de Itacaré. De lá, qualquer taxi é 30,00 para praia ou centrinho. Mas dá para ir a pé da rodoviária, uma caminhada de 10 minutos até a rua principal do centrinho que chega nas praias.  Se a ideia é praia em Itacaré, depois de conhecer Sargi, a experiência pode ser frustrante. Itacaré está toda tomada de pousadas na beira mar e o volume de pessoas x ocupação da praia é surreal. Para quem gosta de multidão da alta temporada, é legal aproveitar Itacaré, ver pessoas (em Sargi é raro), variar na gastronomia e fazer comprinhas. Não há comprinhas em Sargi.

Um programa obrigatório é ir ao Mirante de Serra Grande, onde pode-se admirar a beleza das praias com um pôr-do-sol de tirar o fôlego.

Serra Grande é o “centrinho” que fica a 8km de Sargi. O movimento bom é à noite na pracinha com uma muitas opções gastronômicas. O acesso de ônibus à noite não existe. Carro ou táxi e o valor de táxi não é barato.

Outra grande experiência é conhecer uma fazenda de produção de Cacau!

Conhecer a história do cacau é obrigatório. Mas cuidado: há risco de não querer sair mais da região, dado a riqueza do litoral e das fazendas que cultivam o cacau e a energia da história que contamina e deixa a gente apaixonado.

O cacau é conhecido como alimento dos deuses e já era parte da culinária da civilização maia com o nome de cacahualt . Os povos maia e asteca cozinhavam o cacau e faziam uma bebida que chamavam de xocatl. Além de ser consumido como alimento, as amêndoas de cacau eram utilizadas como  moeda. Apesar de ser nativo da Amazônia, foi amplamente cultivado na Bahia e no início do século XX o cacau era o mais importante produto de exportação da Bahia. Nos anos 90 houve a praga  “vassoura de bruxa” e a produção ficou comprometida, gerando uma grande crise no setor. Nesse período, a produção de cacau na África cresceu muito em contraponto à queda da produção na Bahia. Ainda hoje a Bahia participa da produção mundial, mas timidamente.

E, para o Brasil, o cacau é mais do que um produto de exportação, pois é parte da nossa cultura literária. Jorge Amado foi um grande disseminador da zona do cacau, levando, através da sua obra, histórias da região da zona do cacau, onde era seu lar na infância.

Fazenda Capela Velha:

A experiência de visitação é completa: desde a plantação de cacau, até a fabricação de chocolate. A Fazenda abriga todo o processo do cacau, ou seja, a matéria prima para ser vendida ou exportada para as fábricas de chocolate. E também possui uma fábrica de chocolate local que utiliza amêndoas selecionadas para fazer chocolates que não deixam nada a desejar dos suíços. 

A visita nos leva a uma aula completa de história, botânica, agricultura e gastronomia. Desde a plantação, os tipos de cacau e as safras, passando pela colheita e separação da polpa e da amêndoa.

Além do processo completo, o local é um parque de diversões para arquitetos e decoradores de interior com a criatividade e sensibilidade com que o espaço foi organizado e preparado para contar a história do cacau com muito carinho.


Descobri que do Cacau se aproveita tudo!

A amêndoa de cacau (fresca) tem uma polpa branca e muito saborosa. Dali extrai-se banha que atende a indústria cosmética, do suco da polpa (néctar) é produzido o mel de cacau, a geleia e o licor.

Na separação da amêndoa torrada com a casca, a casca vira chá de cacau. E tudo isso pode ser degustado na visita à fazenda.


Ilhéus bate-volta

Um pouquinho da grandeza que a imortal Ilhéus pode oferecer.

A casa de Jorge Amado

Ilheus está para Jorge Amado como Cartagena está para Gabriel Garcia Marquez.  Ou seja, em cada esquina, um personagem de Jorge Amado surge. Assim Ilhéus se mostra. Um conto ou uma história de Jorge Amado.

O palacete é de arquitetura exuberante e original que foi construído pelo pai de Jorge Amado no final da década de 1920 e o próprio Jorge Amado viveu a infância e adolescência. Hoje é um museu que conta a vida de Jorge Amado com exposição de roupas, fotos, registros de momentos e família.


Bataclan


Quem nunca sentiu a curiosidade de visitar o Bataclan e mergulhar nas águas de Gabriela?

Desde 1920, hoje é um restaurante que mantem as memórias do local. Foi ambiente de damas de companhia e dançarinas retratadas em Gabriela Cravo e Canela. Esse espaço que era conhecido como cassino, brilhou nos anos 20 e 30 e era ponto de visitação dos coronéis do cacau, jagunços, marinheiros, boêmios e intelectuais. 

Todos vinham pelas mulheres e pelas atrações, lazer, negócios e muitas histórias de amores impossíveis. No andar superior preserva um museu com o quarto da Maria Machadão, mulher à frente de seu tempo que fez história e que ainda mantém viva a memória do foi o Bataclan.

É isso! Um refúgio de memórias esse pedaço da Bahia. Uma rota de fuga que nos leva ao começo, à ancestralidade, à natureza, uma viagem nas nossas raízes brasileiras. E, voltando ao passado, a gente volta com energia para o futuro.

 




segunda-feira, 15 de novembro de 2021

segunda-feira, novembro 15, 2021

Eram os Deuses Astronautas? Serra da Capivara – PIAUÍ– PI

Quem imagina que no centro do país está acontecendo uma grande revolução na história do surgimento do homem nas américas?

Pois então, essa história já conhecida, porém pouco se divulga e se fala, apesar de ter sido notícia no New York Times há 30 anos!!!!

As descobertas vem mudando os rumos da pré-história e da chegada do homem nas américas e foi isso que descobri no coração do Brasil, linda terra - Piauí. 

Esse roteiro proporciona vivências únicas: pré-história, história e ecoturismo intenso. Uma infinidade de emoções num curto espaço de tempo. Por quê?

Conhecemos a pré-história com mais de 1000 sítios arqueológicos em estudos e escavações. Alguns  já comprovam a existência do homem há mais de 50 mil anos. As figuras rupestres estão por toda a parte, os estudos e escavações são intensos e as descobertas constantes.

Aprendemos sobre a história do sertanejo e a caatinga com toda sua riqueza. É o Brasil e sua diversidade, seu povo, sua sobrevivência no semiárido e a força do sertanejo. É fundamental para cada brasileiro conhecer sua história.

Desfrutamos do ecoturismo com suas trilhas e paisagens lindas e fortes. Foram 4 dias de quase 30km de caminhadas, subidas, descidas, escaladas e muitos caminhos que levam à pré-história e história, no sertão, no calor, com a companhia dos mandacarus que só observam, mas não servem de apoio e nem de sombra. Muita terra vermelha, muita pedra rolada (onde já foi mar). Muita pedra para subir e muita vista para contemplar.

É muito chão e muitos olhares. Pouco tempo, mas a dimensão de tempo na Serra da Capivara tem outra medida. Em 5 dias, parece que estive fora 1 mês no isolamento e nas descobertas. E tudo isso, no estado do Piauí, região da caatinga, ainda parte do Vale do São Francisco.

Esse roteiro tem que ter um bom planejamento de logística. Além do aéreo, o deslocamento até a base de hospedagem, as visitas nos sítios, alimentação precisam ser programadas.

Não é um local de fácil acesso e com disponibilidade para quem chega de surpresa, por isso que ter tudo já fechado antes da chegada, é fundamental. O receptivo que me acolheu foi a Selva Branca . Impecável. Recomendo e assino embaixo.

Como chegar?

A malha aérea pode ser por Petrolina ou Teresina, sendo que Petrolina é mais próxima da Serra da Capivara. De Petrolina para a para a Serra da Capivara são cerca de 500 km. O receptivo/transfer começa na cidade base de Petrolina, conforme estava previsto no pacote que contratei. Se for de carro, é fundamental ter um receptivo contratado (os sítios não são acessados sem guia) e ter hospedagem reservada, pois as opções são restritas.

Onde ficar?

Em São Raimundo Nonato é mais estruturado e tem mais opções, inclusive com hotéis, porém fica cerca de 37km para o Parque.  Essa distância, pode não ser vantajosa para as trilhas e as visitas aos sítios.  Já em Cel. José Dias é um ponto mais próximo e com algumas opções de pousadas e está 18km do Parque. No povoado do Sítio do Mocó a experiência de viver a rotina do local e a distância é bem menor do parque - 3km. Agora, para uma experiência sem precedentes, o Albergue Serrada Capivara é a melhor opção. Possui a proximidade do parque (localiza-se dentro do parque), a hospedagem tem quartos privativos com ar-condicionado. O atendimento é muito acolhedor. Além de ser dentro do Parque, possui restaurante com um delicioso café da manhã, almoço e jantar.  O Albergue/Pousada tem a Girleide como proprietária, além do restaurante  e da fábrica de cerâmica. E a história da Girleirde merece ser contada por ela mesma, mas já posso adiantar que ela é da mesma coragem e ousadia que  Niède Guidon. Na caatinga, mulheres à frente sacode a cultura local. E Girleide e Niède Guidon fizeram e fazem isso.

A fábrica de cerâmica foi criada pela Niède Guidon como escola, já pensando na sustentabilidade do povo da região. Hoje emprega um quantidade grande de nativos. O processo é todo artesanal, desde o preparo da argila até os desenho rupestres que os artesãos inscrevem à mão livre, sem molde, apenas com um catálogo de referência. A fábrica atende grandes lojas do circuito nacional como Tok Stok e Les Lis Blanc. Também vende para lojistas de todo Brasil e no varejo para quem visita a loja da fábrica, no mesmo local.

O dia na caatinga começa muito cedo e termina cedo também. Por volta das 20hs, todos se recolhem e por volta das 5hs, a natureza começa a despertar.





Voltando um pouco para sala de aula!

Não tem como falar desse roteiro sem falar daquilo que aprendemos na escola  com informações “quentes” e com mais emoção, claro!

A hipótese mais conhecida sobre a chegada de humanos à América seria através do Estreito de Bering cuja teoria defende que há cerca de 10 mil anos os homens vindos da Polinésia (na região da Oceania) chegaram na América do Sul pelo estreito de Bering. É aí que surge a persona-chave nesse questão da Serra da Capivara: Niède Guidon. Arqueóloga franco-brasileira que veio nos anos 70 para a região da Serra da Capivara e até hoje permanece, onde vive em São Raimundo Nonato.

A paixão e a seriedade de Niède Guidon pela arqueologia projetou suas descobertas para o cenário mundial, sendo respeitada e honrada pela defesa de sua hipótese sobre o povoamento das américas a partir das descobertas na Serra da Capivara e pela sua luta na preservação do Parque Nacional da Serra da Capivara. Niède Guidon defende a teoria de que os primeiros povoadores vieram pelo Atlântico, da África,  comprovada nas descobertas dos sítios arqueológicos da Serra da Capivara cujos artefatos datam de cerca de até 58 000 anos AP (Antes do presente -AP é uma marcação de tempo utilizada na arqueologia, paleontologia e geologia, que tem como base de referência o ano de 1950 D.C ).  Essa teoria está documentada pelos resultados pesquisa científica em 2006 da Universidade de Paris e Universidade Católica de Goiás sobre objetos encontrados em 1978 no Boqueirão da Pedra Furada onde está constatado que foram realmente feitos por seres humanos entre 33.000 a 58.000 anos, o que muda as hipóteses anteriores.

Sobre os sítios arqueológicos

São mais de 1300 sítios arqueológicos descobertos e mais de 200 catalogados e abertos para visitação. Ainda há muita coisa para documentar e escavar, mas o que se vê no local é surpreendente. O roteiro pode ser ajustado pelo perfil do visitante com trilhas mais longas, mais intensas, mais fáceis e até mesmo acessar de carro os sítios para quem não puder ou quiser seguir pelas trilhas. Existe muito cuidado do receptivo em entender o perfil do visitante para adequar à intensidade e dificuldade do passeio. Em 4 dias de visitação, não vi nem 10% do que o Parque oferece e foi intenso, tanto pela parte física quanto pela parte da história. A caminhada sempre leva a uma vista panorâmica. Muito calor. A paisagem é forte com o contraste das pedras, dos mandacarus, facheiros, xique-xique, palmas, coroa de frade, enfim,  a certeza de que estamos na caatinga. As pinturas rupestres vão aparecendo gradativamente em cada sítio.

1o dia

Trilha do Hombu -  Circuito Jurubeba, visita à Toca da Ema, Sitio do Brás 1, Toca dos Macacos, Toca da Roça, Toca do Mangueiro e Sitio do Bras 2.





Circuito Sitio do Meio, Toca Boqueirão Pedro Rodrigues, Ponta da Serra e Toca do Sítio do Meio.



O dia acaba no sítio de maior concentração de pinturas rupestres e vestígios da pré-história: Boqueirão Pedra Furada. As pinturas de cor vermelha na sua maioria, podem ser de mais de 23.000 anos e os vestígios de ocupação do homem pode ser de até 60.000 anos.




2º. Dia a trilha foi mais intensa.

Travessia da Pedra Furada para o Baixão das Mulheres.










3ª Dia

Circuito Serra Branca, Baixão das Andorinhas para ver a revoada e conhecer o recente sítio descoberto em 2010 com outras figuras rupestres.





4º. Dia, caminhada mais leve

Desfiladeiro da Capivara, onde tudo começou para a Niède Guidon. Toca do Pajau,  Toca do Barro e Toca do Paraguai (1o. Sitio descoberto),Toca do Martiliano, Toca da pedra Caída, Toca da boca do Sapo, Toca da Invenção





Enfim....

Foram 4 dias intensos. Conhecer o passado nos dá entendimento do presente. Por algum motivo esses povos registraram suas rotinas, suas danças, suas crenças, suas dores, suas festas, registraram suas vidas.

E cá estamos nós tentando desvendar o óbvio da existência humana e nos admirando com cada descoberta. Mas por quê? Não seria óbvio ter existido vida passada?

Daqui a 50 mil anos quem sabe nossos registros serão descobertos e estudados. E os povos do futuro se assustarão com a descoberta da nossa existência? Pensando assim, que tudo fica para ser descoberto, qual legado queremos deixar para o futuro?







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Andrea Pires

Com Salto&Asas é um lugar de verdade, onde compartilho as memórias das viagens que mudaram minha vida e que me transformam diariamente. Sonhar, Planejar e Realizar, o melhor caminho para ter o Mundo nas Mãos! comsaltoeasas@gmail.com

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