Sem nenhuma ambição
de planejamento para o roteiro, me permiti essa pequena “fuga” do dia-a-dia e
fui surpreendida pela riqueza cultural e prazer. Uma imersão num pedaço da história do Brasil,
desfrutando de regalias e deleites a preços justos.
Um pouco da história....D. Beija, a maior cortesã que o
Brasil conheceu....
D.Beija é uma lenda contada por muitos e de muitas formas. Viveu no século XVIII. Foi interpretada e imortalizada pela magnífica Maitê Proença numa telenovela, projetando para o Brasil sua história.
Considerada a alegria dos homens e o pavor das mulheres...foi a maior
cortesã que o Brasil conheceu. Beija foi raptada pelo ouvidor do rei,
desgraçando sua vida e seu grande amor que ficou em Araxá. Por dois anos viveu
como amante do Ouvidor, quando se transforma numa cortesã em sinal de vingança.
O “tal” a abandona quando se transfere para a Corte em Portugal e Beija, já
como cortesã conhecida, decide voltar para seu amor em Araxá. Como o tempo é
cruel, seu amor estava casado. Ela então promete não amar a nenhum outro homem
e funda a Chácara do Jatobá, um bordel que além de ter se transformado em mito,
escandalizou as famílias mais conservadoras de Araxá. Sua fama varreu o Brasil,
e muitos homens vinham de longe para se deitar com Beija e descobrirem seus
encantos e beleza. Sem conseguir esquecer o amado, manda matá-lo, mas foi
absolvida de seu julgamento, graças aos amigos. Desiludida, deixa Araxá, se
mudando para Bagagem (hoje Estrela do Sul) onde chegou a tocar garimpo e ganhou
muito dinheiro com os diamantes.
A viagem tornou-se
especial já no início, imaginando a vida dessa mulher marcante que é um pedaço
da nossa história no Brasil. Observando a estrada, as paisagens são diferentes
para quem vive na cidade e as paradas engraçadas retratando bem o interior do
país e a simplicidade do homem do campo. Aproveitei para experimentar e
relembrar as comidinhas de estrada, ouvir as conversas no balcão das
lanchonetes e observar os costumes...e assim a viagem foi ficando colorida....fui
transformando uma pequena viagem, numa grande experiência....
Os
salões, lustres de cristais, vitrais maravilhosos e as janelas com vistas para
os jardins são um espetáculo à parte. As terraças merecem ser visitadas à noite
por oferecerem uma visão “hollywoodiana” da paisagem noturna iluminada. Muita
coisa perdida nessa região e muitos “causos” deveriam ser histórias e não
lendas.
Além disso, o Hotel oferece trilhas, caiaque, arco e flecha, quadra, tênis, cavalos, charretes...passeios históricos na redondeza, cuja atração é a fonte D.Beija, chamada antigamente de Fonte da Jumenta. E na frente do hotel, uma Igreja perfeita para um momento de reflexão. Vale muito programar visita ao Museu de D.Beija e conhecer um pouco os costumes do Brasil Colonial e sua história. O museu fica num sobrado onde viveu a cortesã, na Praça Matriz. Foi criado por Assis Chateaubriand, quando se encantou com sua história. Como são poucos documentos que comprovam sua existência, esse museu mostra fotos de seus filhos, alguns objetos pessoais e documentos de propriedades. Beija nunca deixou retratar-se e a beleza ainda hoje penetra no imaginário masculino....
Termas e Massagens .....todas
merecemos um dia de Beija.....
As termas são o ponto
alto. Famosas pelos banhos terapêuticos e embelezadores.
Conta a lenda sobre a
“Fonte da Jumenta”, cuja água concedia juventude, saúde e beleza era o local
que D.Beija banhava-se todos os dias. Aproveitando a mágica do local, fiz um
programa completo com banhos e massagens. O Hotel é ligado por
um túnel direto às termas, cuja história é muito bem contada pelo guia, em tour
para grupos de turistas. Esse local foi utilizado como “hospital” para
tratamentos medicinais. Hoje, é um SPA indicado para aliviar o stress do
dia-a-dia com banhos terapêuticos e massagens. Dizem que os banhos de lama
curam artrite, problemas de pele e inflamações.
A massagem foi um
capítulo à parte. Optei em fazer com um deficiente visual como uma nova experiência.
O toque desse massagista foi diferente de outros, pois ele precisava conhecer,
pelo tato, a estrutura do meu corpo. Qual foi minha surpresa quando ele,
rapidamente e sutilmente, identificou os pontos de dores e tensões. Eu, já entregue ao relaxamento, eis que ele me
pergunta de sobressalto se meus olhos eram verdes...no susto de ser
surpreendida...retruquei... “ué! por que?” E ele me diz
com muita certeza que nem tive coragem de contestar, “pelo contorno de seu rosto e a
forma dos cabelos, seus olhos devem ser esverdeados...” e me lembrei da tão conhecida frase
atribuída a Antoine de Saint-Exupéry ...Só se vê bem com o coração, o essencial é
invisível aos olhos....e aquele deficiente (?) me pareceu enxergar com o coração
sem saber o que era belo ou não, sem receio de expor sua sensibilidade e
convicção! Quantas pessoas dotadas de olhos sadios não conseguem ver uma
pequena beleza ou qualidade no “outro”? e a partir daquele dia, meus olhos
ficaram verdes, para mim e para ele.
Poutz não sabia que araxá tinha tantos programas assim! Eu com certeza gostaria de prestigira msi esse lugar histórico do nosso querido Brasil!
ResponderExcluirPor que será que lembrei de uma tarde no Parque da Cidade, em Brasília, com você, rsrsrsrsrsrs????
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