sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Plano de voo - E se acontecer de surgir uma baita oportunidade?


Considerando que não sou viajante profissional e que tenho uma agenda e rotina pouco flexíveis e, ainda, preciso de muito planejamento em tempo e no financeiro para realizar meus desejos de viagens, como a gente faz quando surge uma oportunidade?



Recebi uma dica imperdível do meu agente de viagem que sabia o quanto gostaria de passar meu aniversário na Espanha. Depois de ter pesquisado muito desde fevereiro, em maio eu já tinha me desmobilizado totalmente em função dos preços de passagens. Eis que esse abençoado agente de viagem (atento e dedicado) me enviou a dica da Air China, uma empresa Low Cost com destino a Pequim que faz escala em Madrid. O valor da passagem era quase 50% menor do que eu vinha pesquisando. Mesmo eu não tendo intenção de passar em Madrid para chegar em Andaluzia, essa oportunidade me proporcionou uma mudança de planos e uma decisão impetuosa. Tive apenas 1 mês para planejar tudo: trechos internos, aulas de flamenco, hospedagem, etc. e a boa surpresa foi que nesse roteiro não fui sozinha, pois uma amiga também decidiu ir nessa aventura de ultima hora, sendo que para ela seria a 1ª. Vez na Espanha, ou seja, era o "start" dela para viagens solo, começando nessa aventura.


O desafio: preparar um roteiro para 1ª. Vez na Espanha com poucos dias. Desde o início trabalhamos nesse plano com muita flexibilidade, independência e compartilhamento de expectativas. Foquei em ajudá-la a reduzir o tempo de aprendizado e sentir-se mais segura para voltar sozinha ou acompanhada quando ela quiser.

A viagem transcorreu muito agradável, com as decisões de roteiro compartilhadas, com cuidado e atenção, pois para mim nada era a primeira vez (exceto Córdoba), mas para ela sim. Nada foi engessado no planejamento e no dia-a-dia. A gente conversava sobre as opções e assim íamos ajustando nossas expectativas. Claro que houve momentos que eu precisei influenciar na decisão por causa do meu conhecimento, assim como ela esteve bem à vontade para concordar ou não. Um item importante foi termos conversado bastante antes da viagem sobre os locais, os pontos de visitação, a logística de cada cidade, o clima (calor infernal) e sobre história e cultura. Fechamos nosso roteiro com 2 objetivos:
  • Turismo básico em função da 1ª. Vez da minha amiga
  • Aulas de flamenco, considerando que esse era meu objetivo principal, o que eu tive que conciliar a logística entre cidades de acordo com o início das aulas de verão em Granada.
O roteiro foi planejado com 3 dias em Madrid, 3 em Sevilla, 5 em Granada e 1 em Córdoba. Todos os trechos internos fizemos de trem e ônibus. Viajar de trem e ônibus na Espanha é muito confortável e seguro, muito mais que de avião e menos cansativo, pois, consegue-se descansar com mais conforto.
O metrô de Madrid é muito eficiente e seguro, mas Sevilha, Granada e Córdoba tem que ser tudo a pé mesmo. Em função disso, procurei hospedagem localizada no centro de Madrid e outras mais próximas dos centros turísticos em Sevilha, Granada e Córdoba. A minha ideia foi permitir que minha amiga pudesse se sentir mais segura nessa 1ª. Viagem e, se quisesse, pudesse circular sozinha sem receio de se perder.

As diferenças entre essas cidades são grandes: Madrid é muito cosmopolita, grande centro, intensa, movimentada, comercial e cultural. Sevilla é lindamente previsível, romântica, jovem, cheia de cultura e bem viver. Granada é lindamente imprevisível, uma caixinha de surpresas e a influência árabe é muito forte. Sevilla e Granada se complementam. Uma é ar e a outra é terra. Enquanto Sevilla você caminha na horizontal, descobrindo a cidade e suas diversas culturas, Granada tem que ser vencida pelas suas ladeiras para ser descoberta. Córdoba me surpreendeu pelo aconchego de uma cidade forte na história, mas com um ar de realeza e de cidade do interior. E carrega nas suas ruas e monumentos muita importância na história. Todas com seus encantos e suas diferenças. Assim é Espanha e Andaluzia.

Sobre Air China:
Foi a primeira vez. Confesso que estava bem receosa e já imaginava o cansaço da volta, pois minha base é Brasília e a Air China opera via Guarulhos. Eu tive mais uma perna de voo: Brasília-Guarulhos-Brasília
O embarque no Brasil foi pontual e sem maiores surpresas. Fomos de classe econômica. Achei a aeronave muito pequena. Uma dica: recomendo tentar ir de executiva, pois foi quase impossível dormir na classe econômica.
O voo era noturno, logo, o serviço de bordo consistiu em jantar e café da manhã. Nesse aspecto, deixou a desejar. A adaptação/adequação do serviço de bordo pode melhorar muito, principalmente considerando que o público até Madrid (pelo menos) era maioria de brasileiros.
A tripulação teve muita dificuldade em se expressar, mesmo com simpatia, quase que forçada dos comissários, mas um tanto impacientes com nossas dificuldades em entendê-los, mesmo tentando nos comunicar em inglês. Importante destacar que existe uma grande diferença cultural entre Brasil e China, logo, acredito que essa barreira de “compreensão” deve ser minimizada caso a Air China se mantenha nessa rota. Aprenderemos juntos a conviver.  

Outro ponto importante foi a quantidade de famílias com crianças e com isso, os pequenos sofreram com as dores de ouvido (creio eu) e choravam muito. Por ser um voo noturno, classe econômica muito apertada e as crianças sofrendo, dormir era complicado.

Sobre o entretenimento, os filmes são legendados em chinês e inglês. Mas confesso que sequer tive interesse em olhar, pois como o espaço da cadeira é muito ruim, quando a cadeira do passageiro da frente reclina (pouco), fica impossível de ver a TV.

O desembarque foi um caos literalmente: a esteira anunciada no aeroporto de Madrid não existia, não havia ninguém da Air China para ajudar e depois de um tempo as malas apareceram “jogadas” num local desprovido de esteiras. De toda sorte, respiramos aliviadas pelas malas terem chegado.

No embarque do retorno em Madrid, o voo era matutino e mais uma complicação, pois o check in não abriu no horário previsto e os passageiros estavam cansados e impacientes e não havia ninguém para informar nada. Quando as atendentes abriram o check in, (elas eram da Iberia), estavam muito mal-humoradas e sem nenhuma vontade de dar informações ou orientações.

O voo atrasou e a sala de embarque tornou-se caótica. Mais uma vez não havia ninguém da empresa para dar informações e, quando finalmente o embarque foi autorizado, uma pessoa da Air China que estava tentando agilizar o embarque, mostrou-se impaciente com a quantidade de passageiros e, sem conseguir embarcar todos rapidamente, mais atrasos e passageiros impacientes e cansados.
Durante o voo de retorno ao Brasil a tripulação foi bastante simpática, falava sofridamente inglês e chinês. Ou seja, a chance de comunicação era muito difícil e causava de novo, desentendimentos. O voo era matutino, logo a refeição de bordo deveria ser café da manhã e almoço, mas eu jurava que estava jantando no café da manhã pelo menu oferecido. Até agora não sei explicar o que serviram.

Resumindo
Eu e minha amiga nos cansamos muito, o serviço ficou comprometido, a falta de informações e o espaço da classe econômica da aeronave são itens a serem pensados quando a opção for Air China. Mantivemos o bom humor e a paciência por que nossa viagem era low cost mesmo, logo, sabíamos que poderíamos ter alguns contratempos. Creio que da próxima vez tentarei ir de executiva para conseguir dormir. A comida não me causou transtorno (apesar de serem coisas bem diferentes) e considerando o custo-benefício do valor da passagem e as poucas opções que temos no Brasil, não considero a empresa ruim, mas em fase de ajustes e adaptação.

Para fechar esse post de planejamento, quero compartilhar algumas dicas que foram muito uteis nessa viagem, antes de abordar sobre o roteiro nas cidades:
Bagagem: atualmente esse item merece muita atenção porque impacta nos custos e na logística. No caso da Air China, a passagem previa bagagem a ser despachada.  Mesmo assim, eu usei uma bagagem confortável e acessível para ser carregada, lembrando que nesse roteiro tínhamos previsto trechos entre cidades de ônibus e trem. Planejar a mala com antecedência e praticar o desapego facilita muito a locomoção e não gera custos extras desnecessários.  Fomos no verão e os itens essenciais foram: tênis, chapéu e roupas leves. O calor é insuportável e caminhar é o que mais se faz nesse tipo de viagem. Prezar pelo conforto é fundamental para diversão e a mala fica muito mais leve.
Seguro Viagem: para Europa, o seguro Schengen é obrigatório. Uma dica é ter um cartão de crédito internacional para a compra das passagens que permite esse benefício gratuito. É só entrar no site da bandeira do cartão e emitir o seguro.
Alimentação: A comida na Espanha é maravilhosa, mas o nosso costume de comer arroz e feijão não é algo fácil de ser encontrado. A base da refeição é batata e algum tipo de carne (o forte não é carne de vaca/boi) de porco, frango e frutos do mar ou a famosa Paella que tem tudo isso: frango, porco e frutos do mar, com alguns lugares com opções de paellas vegetarianas.

Em restaurante árabes, por exemplo, pode-se comer arroz, mas a forma de temperar é muito diferente do Brasil. As tapas são ótimas e o “Jamon” é o carro-chefe e tudo tem pão de acompanhamento. Destaco esse item item por que pode ajudar quem tem restrição alimentar. 

Na Espanha existe uma forma de pedir comida:
  • Menu del dia: entrada, prato principal, sobremesa e/ou bebida por um preço fixo.
  • Platos combinados: parecido com o PF brasileiro. Vem tudo junto.
  • Raciones y media racion: são porções e meia-porção.
  • Tapas: pequenos tira-gosto
  • Bocadillo: pão com alguma coisa de tamanho relativamente grande
  • Montadito: pão com alguma coisa de tamanho pequeno, geralmente aberto.
  • Sanduiche: pão de forma com alguma coisa e pode ser quente ou frio
Café da manhã:  consiste basicamente em tostada (tomate, azeite, manteiga, geleia) y café cortado, solo ou con leche. Se optar em comer fora do hotel, o preço pode variar de 3 a 5 euros. Café da manhã em hotel tem mais variedade, mas pode chegar a 10 euros facilmente.  Os preços de almoço/jantar ficam na faixa de 13 euros e bebidas  como cerveja e tinto de verano: 3 euros
Finanças: levar euros em espécie é a melhor opção. O cartão de crédito deve ser uma alternativa para emergências, mas atenção:  tem que estar liberado para compras no exterior e em euros e compras online. Isso tem que ser ativado no Brasil. No planejamento financeiro eu pesquisei com antecedência os valores médios de alimentação, passeios, entradas em museus, transporte interno de trem, ônibus, taxis, etc...de forma a projetar um valor seguro a ser levado em espécie. Deixei o cartão para ser usado em caso de emergências, despesas mais altas e fora do planejado (que é bem razoável de acontecer)
Compras: não dá para orientar aonde é mais barato ou não entre as cidades quando falamos de lojas específicas que existem em várias elas. Tem que arriscar. Estávamos no final do verão, então em Madrid, a meca da moda, foi muito tentador. A Gran Vía é o centro de todas as opções de marcas importantes e populares da Espanha. Tivemos que nos controlar ao máximo para não perdermos a cabeça. Artesanatos e coisas típicas podem variar bastante. A Plaza Mayor em Madrid tem todas as opções de artesanatos da Espanha, mas em Sevilha, Granada e Córdoba, é possível encontrar também a preços menores.
Horário da siesta:  é imperativo, exceto em Madrid. Alguns locais literalmente fecham. Na rua, apenas turistas caminhando sob o sol de 40 graus. Eu procurei incluir uma atração turística nesse horário, pois, como tínhamos pouco tempo, ir para o hotel esperar o sol baixar, era perder um tempo precioso. A noite começa a cair depois das 22hs. O dia fica muito longo. Passamos uma boa parte da siesta caminhando ou comendo e bebendo em algum lugar confortável.
E por fim, uma constatação endossada pela minha amiga: na Espanha, as pessoas de um modo geral tem prazer em dar informações e acolher o turista. Em todas as cidades ela se sentiu muito segura. Foi muito fácil e confortável ir e vir. Isso reforçou um outro post que falei aqui sobre ir para Espanha na 1ª. Viagem solo, lembra?
Ainda tem mais....nos próximos posts vou falar de Madrid, Sevilha e Granada....para poucos dias e pela primeira vez....Vem comigo que você vai gostar desse roteiro!


Obs.: Este conteúdo teve a contribuição de Jane Bento, a companheira de aventura e caminhadas nesse roteiro.

4 comentários:

  1. Texto incrível! Me senti lá! Obrigada por compartilhar as dicas.

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  2. Show de bola, dicas valiosas!
    Experiência única, ímpar, especial, feliz!
    Grata querida Andrea, pela parceria e pela generosidade do compartilhar ...
    Deveria ter mais foto minha aí! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  3. Opa!!!! Claro que tera mais fotos!!! Tem muita historia dessa viagem ��

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Agradeço seu comentário. Andrea Pires

Visite Brasília

Andrea Pires

Com Salto&Asas é um lugar de verdade, onde compartilho as memórias das viagens que mudaram minha vida e que me transformam diariamente. Sonhar, Planejar e Realizar, o melhor caminho para ter o Mundo nas Mãos! comsaltoeasas@gmail.com

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