quarta-feira, 14 de maio de 2014

EL CALAFATE - ARGENTINA - Entre Amigos no Fim do Mundo – Parte 2




A cidade está na Província de Santa Cruz e faz fronteira com o Chile, é extremamente agradável e me pareceu uma versão mais intensa de Campos e Jordão. Tudo gira em torno dos passeios ao Parque Nacional Los Glaciares. É nesse parque que fica o danado do Perito Moreno, a maior geleira em extensão horizontal que está em constante movimentação e diminuição, devido ao aquecimento global.  Tudo em El Calafate gira em torno do gelo. 
Daí, fomos conhecer o Bar gelado. Só precisa ir uma vez na vida. É impossível ficar mais de meia hora lá dentro e a pegadinha é que na compra dos ingressos somos informados que a bebida é livre. A questão é: não dá para beber mais do que 2 doses de qualquer coisa, porque não conseguimos ficar muito tempo lá dentro. Entendeu? O que tem de mais de bonito nesse passeio? A vista do pôr-do-sol num horizonte de tirar o fôlego. Então, a melhor coisa do bar gelado é ficar do lado de fora! 



Os restaurantes foram vários. Recomendo chegar cedo, pois as filas são um incômodo. Para comer cordeiro (prato típico do local), La Lechuza o Casimiro Biguá, o Mi Viejo (para mim, foi o melhor de todos) e a La Tablita.  Para deixar o tempo passar numa tarde fria, parada obrigatória no San Pedro, bar e restô. Mas o que fizemos de mais intelectual foi a tarde no Borges e Alvares  – vinho e tio pepe, um bar livraria onde passamos uma tarde inteira falando de história, depois das comprinhas na feirinha de artesanato.
 A história de Francisco Pascacio Moreno (Perito Moreno), por Edivan Ferreira
Perito Moreno nasceu em 31 de maio de 1852, Buenos Aires e morreu em 22 de novembro de 1919, Buenos Aires. Cientista, naturalista e explorador argentino, autodidata e amante da paleontologia e arqueologia, explorador da região do Rio Negro, aos 23 anos de idade é o primeiro homem branco que chega ao Lago Nahuel Huapi desde o Oceano Atlântico. Atravessou a patagônia onde manteve contato direto com os indígenas, estudando o seu passado e origens. Em 15 de fevereiro de 1877 chega até o Lago Argentino, onde atualmente se encontra a cidade de El Calafate, e descobre um grande Glaciar que posteriormente foi batizado em sua homenagem (“Perito Moreno”). Foi nomeado chefe da comissão exploradora dos territórios do sul Argentino para estudar a possibilidade de estabelecer colônias na região entre o rio Negro e o rio Deseado. Ocupou o cargo de perito Argentino na demarcação das fronteiras entre Chile e Argentina, com laudo arbitral do governo Britânico. Preparou sua obra “Fronteira Argentino-Chilena”, viajou à Londres para facilitar o laudo arbitral da Rainha Vitória e apresentar uma exposição sobre o conflito. Por seus trabalhos de perito, a Royal Geographic Society lhe conferiu a medalha do Rei Jorge IV. Em 1902 recebeu 25 léguas quadradas de terras na Patagônia por seus serviços prestados à nação, doando em seguida uma parte destas terras para criar o Parque Nacional Nahuel Huapi, primeiro parque Nacional da Argentina. 
Seu nome é recordado de várias formas na Argentina: Glaciar Perito Moreno, localidade de Perito Moreno e o Parque Nacional Perito Moreno. Na maioria das cidades da Patagônia existe uma rua que leva o seu nome. Foi enterrado no cemitério de La Recoleta em Buenos Aires e em 1944 foi transferido para ilha de Centinela no lago Nahuel Huapi, junto com a sua esposa, onde repousam dentro do parque nacional que fundou. Por determinação da Prefeitura Naval Argentina, cada embarcação que passa frente à ilha deve soar três vezes a sirene para render- lhe homenagens.


Perito Moreno (a geleira) e o mini trekking
Os glaciares são o resultado da neve que fica no alto da cordilheira do Andes e que  derrete, desce e congela, formando blocos imensos de neve compactada no lago Argentino, também conhecidos como icebergs e que estão em constante movimento,  chocando-se com o solo. Nesse impacto, o barulho é ensurdecedor, além de ser um espetáculo dos deuses. Essa geleira é um glaciar que se estende desde a fronteira entre Argentina e Chile, até o braço sul do Lago Argentino. São 5 quilômetros de largura e 60 metros de altura e quando a água pressiona num movimento a geleira, provoca um desabamento na borda. Coisa impressionante e barulhenta. O último desabamento ocorreu em 9 de julho de 2008.  O passeio inclui o acesso via passarela que chega bem pertinho da borda do Perito. Depois de percorrer toda a passarela tirando foto de todos os ângulos, seguimos num barco para o ponto de partida para o trekking no gelo.  


Bom, daí para frente, emoções fortes. Ao chegar ao acampamento, somos preparados com os “grampões”, sapatos para caminharmos que são amarrados e dão uma segurança importante. Logo em seguida vem as recomendações: nas subidas, andar com os pés abertos e na descido, inclinar-se com os joelhos flexionados. Em ambas as situações, fixar os pés com força no gelo para que os grampões agarrem o chão para dar a sustentação da caminhada. Evitar se distrair com a cabeça para cima (como se fosse um turista admirando o céu!) e ninguém deve sair da fila, pois o caminho é demarcado pelo guia em função dos movimentos climáticos. De tempo em tempo paradas para fotos e muitas explicações sobre os buracos azuis que se formam nas gretas. Umas finas outras largas e outras verdadeiros abismos. Tudo isso com um vento forte e a sensação térmica “sem noção”.   


Depois de 1 hora e meia caminhando, não há mais prazer (confesso). Frio, dedos congelados e olhando para frente eu só tinha a vista de estar indo mais longe do acampamento. Nesse momento a gente se pergunta: o que estou fazendo aqui? O guia que já tem uma vasta experiência de turistas em quase hipotermia, segue para mais uma pequena subida e, eis que avistamos uma baixada e um balcão de uísque com gelo nativo. A caminhada chegava ao fim. Finalmente, avistamos o acampamento e era tanto frio e dormência no corpo que eu e Neslita decidimos correr até o acampamento depois de 2 doses de uísque. Coisa de maluco mesmo! 
Claro que no final da caminhada a avaliação é totalmente positiva e estamos eufóricos (frio em uísque!). Mesmo com essa sensação de caminhar olhando para o nada (o branco do gelo confunde a visão mesmo) e sentir-se desprotegido diante da natureza, valeu cada minuto e dá até vontade de repetir. O treeking foi mais tenso que a corrida e me fez lembrar porque eu estava com tanto medo de cair: se antes eu achava, agora tinha certeza que o mundo definitivamente está de cabeça para baixo!!!
 
Foram 10 dias intensos e diferentes no Fim do Mundo (ou o começo dele...depende de onde você está). De certo, o que eu trouxe dessa viagem foi a intensidade de fazer coisas diferentes, fortes e leves seja na corrida, no trekking, com frio, vinho, enfim....e todas as noites acabávamos em uma mesa, rindo e comemorando o dia. Não é assim que se constroem histórias? É ao redor de uma mesa que as pessoas se olham, se entendem, se conhecem, riem, planejam, agradecem...enfim...ao redor de uma mesa as pessoas simplesmente são (não estão). 
 
Créditos: algumas fotos publicadas no blog foram gentilmente cedidas/compartilhadas pelo grupo que estava na viagem.

Um comentário:

  1. Faltou-lhe a velha e boa cachaça brasileira, para dar uma forcinha..., rsrsrsrs...

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Agradeço seu comentário. Andrea Pires

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Andrea Pires

Com Salto&Asas é um lugar de verdade, onde compartilho as memórias das viagens que mudaram minha vida e que me transformam diariamente. Sonhar, Planejar e Realizar, o melhor caminho para ter o Mundo nas Mãos! comsaltoeasas@gmail.com

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